Sustentabilidade é um assunto que permeia todas as atividades humanas. Em um mundo pautado por produção e consumo, todas as áreas de atuação buscam novas soluções para melhorar não apenas a preservação do planeta e seus recursos, como também a qualidade de vida. Como não podia deixar de ser, vários setores da engenharia e arquitetura trabalham hoje para criar construções mais sustentáveis.
Assim, o Blog da Atex apresenta algumas das principais tendências desenvolvidas pelos profissionais das áreas com inovações que vão desde a estrutura aos novos materiais e processos construtivos.
Confira!
Paredes e telhados verdes
Paredes e telhados verdes são uma solução ecológica para prédios e casas com um alto potencial de benefícios de redução de custos, além de proporcionarem bem-estar e um ambiente saudável.
Implementar essa estrutura pode melhorar o desempenho acústico, já que podem bloquear sons de alta frequência. Com substrato instalado na superfície, a estrutura também bloqueia ruídos de baixa frequência.
Os jardins verticais e de telhados também têm função térmica, capaz de reduzir o calor criando um isolamento natural e reduzindo os custos de energia e a amplitude das temperaturas da superfície.
Além desses pontos, essas estruturas melhoram a qualidade do ar, geram bem-estar, mitigam os impactos humanos, preservam a biodiversidade, incentivam a agricultura urbana e ainda proporcionam um diferencial estético para os prédios.
Do ponto de vista estrutural, os jardins ainda protegem o telhado de influências externas que podem danificar a estrutura da construção.
Estruturas mais leves e amplas
Construir estruturas mais leves é uma iniciativa que, além de garantir economia, gera mais possibilidades para arquitetos e designers de interiores, além de aumentar o potencial sustentável do projeto.
A maior versatilidade do ambiente que pode ser explorada por arquitetos e designers vêm da possibilidade de uma estrutura leve gerar grandes vãos livres, com menos pilastras e paredes. Esses espaços mais abertos proporcionam melhor circulação de ar, o que reduz custos com climatização.
A estrutura mais leve acontece com processos construtivos que otimizam o uso de recursos naturais. Utilizando uma estrutura de pavimentação e lajes mais leves, consome-se menos concreto e aço, utilizando menos energia na geração desses materiais, emitindo menos poluentes na atmosfera e reduz-se as estruturas de fundações do edifício.
Materiais reciclados
A indústria da reciclagem ultrapassa os limites da recuperação de materiais domésticos. Uma das tendências na construção é a desmaterialização, ou seja, reaproveitamento de materiais para evitar o aumento na produção.
No caso da construção, o concreto talvez seja o exemplo mais notável. Entre 6% e 8% dos agregados para concreto utilizados na Europa são compostos por concreto reciclado. Utilizado na pavimentação de asfaltos de ruas e rodovias, esse tipo de agregado tem mostrado desempenho superior ao agregado “virgem”.
No Brasil, o cenário do consumo de cimento para produção de concreto também é de alta. O uso do material cresceu 80% de 2005 a 2012.
O foco em materiais reciclados, como vidro, plástico, alumínio e aço pode tornar projetos mais econômicos e sustentáveis, otimizando o aproveitamento de resíduos.
Um case que exemplifica essa tendência é o One Bryant Park, atualmente o quarto maior edifício da Nova Iorque (365 metros de altura) e considerado o arranha céu mais sustentável dos EUA.
Ele foi desenvolvido com foco na utilização de materiais renováveis e recicláveis, obtidos a no máximo 500 km da cidade. O concreto tem menor uso de cimento (55% do padrão), utilizando resíduos para completar a mistura (os 45% restantes). Isso reduz tanto a quantidade de CO2 emitida na produção do material como reduz a energia gasta no processo.
As paredes foram revestidas com vidros com camada de cerâmica para refletir calor. O prédio também conta com sistemas de captação de água e telhados verdes. Ele conta com um sistema de filtragem de ar, que retira 95% das impurezas, e o redistribui para o ambiente interno e para a própria cidade.
Janelas inteligentes
Considerando o grande foco que a arquitetura contemporânea dá às janelas, principalmente nos grandes edifícios, essas superfícies tiveram um grande aumento de área. Assim, crescem-se as possibilidades do que fazer com elas em termos de sustentabilidade.
Uma tecnologia que tem atraído muita atenção são as chamadas janelas inteligentes. Apesar de não ser algo novo, a tecnologia sempre foi cara. Contudo, avanços recentes têm viabilizado o uso em novos projetos.
Na prática, as janelas podem controlar o nível de entrada de luz solar, controlando clima e iluminação internos. Compostas por materiais eletricamente condutivos, as janelas podem ter seu comportamento controlado eletronicamente para selecionar os tipos de luz que devem ser bloqueados ou não.
Essa tecnologia permite reduzir o uso de energia usadas tanto na iluminação como na climatização dos prédios.
Outra solução mais simples e é acessível é o tecido greenscreen, normalmente utilizado em cortinas e persianas. Além de controlar a luminosidade, o material reduz a entrada de calor e tem bom desempenho contra incêndios, sem emissão de fumaça densa e gases tóxicos ao ser humano.
Projetos inovadores
Quando se fala de inovação em arquitetura, é sempre interessante acompanhar projetos experimentais que, se por um lado parecem distante da realidade, por outro, podem ajudar a apontar um novo futuro.
Um exemplo interessante para ser citado foi a Wikkelhouse, desenvolvida pelo estúdio holandês Fiction Factory. Trata-se de uma casa feita de materiais sustentáveis, majoritariamente de papelão.
Pelo baixo peso, pode ser facilmente transportada. Segundo os criadores, ela tem vida útil de pelo menos 50 anos. A casa é composta por 24 camadas de papelão coladas com material de alta resistência. Essa estrutura forma blocos de 1,2 metro de largura e pode ser montada ao gosto do cliente.
O revestimento externo é feito de madeira, garantindo resistência a chuvas e variações térmicas.
Energia renovável
O uso da energia solar como fonte renovável se populariza cada dia mais. E a indústria da construção encontra uma ótima oportunidade de criar projetos sustentáveis. Nos últimos anos, muitos edifícios comerciais e residenciais foram construídos com painéis fotovoltaicos em suas laterais ou coberturas.
Essas placas captam a luz solar e são ligadas a sistemas que transformam a luz em energia elétrica. Essa energia gerada pode ser utilizada pelo edifício ou direcionada para a distribuição local.
Isso faz com que arquitetos e engenheiros projetem prédios em disposições que otimizem essa capacidade de absorção de energia. A posição do empreendimento e ângulos das fachadas e janelas também serão determinantes para a iluminação e ventilação natural, que têm impacto direto no consumo de energia.
Um exemplo de projeto que integrou essas diferentes soluções é o The Crystal, uma das obras mais sustentáveis do planeta. Ele conta com painéis fotovoltaicos no terraço e um sistema de ventilação com 150 aberturas controláveis. Assim, ele consome 46% menos e energia e libera 70% menos CO2 que edifícios similares no Reino Unido.