MATÉRIA DA REVISTA – CONSTRUÇÃO-SA
Com excelente desempenho, as lajes nervuradas representam economia de tempo e de recursos
Texto: Felipe Obrer
Uma das principais demandas no setor da construção civil é a redução de custos. Baixar os gastos com mão de obra é frequentemente difícil, a menos que seja possível um procedimento construtivo mais ágil. É possível buscar a redução de custos com a utilização de estruturas pré-moldadas em cimento ou metal, entre outras. Em vários casos, a laje nervurada constitui ótima opção. A margem de manobra existente para baratear a obra sem perder qualidade recai sobre os materiais e técnicas de construção.
Lajes nervuradas são lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas – entre elas pode ser disposto material inerte. Ao construir lajes maciças, concreto e ferragem constituem fatia considerável dos recursos empenhados, e comparativamente elas demandam mais tempo de trabalho. A tecnologia revela-se uma alternativa a ser considerada, pois elas permitem reaproveitamento das fôrmas e principalmente o uso de menor quantidade de concreto e ferragem, além de um tempo de aplicação mais curto. Em três dias já pode ser feita a retirada das fôrmas.
Essa tecnologia é um desdobramento contemporâneo das técnicas de construção mais sólidas desenvolvidas pela humanidade há muitos séculos, até mesmo A.C. Poderíamos dizer que consiste em uma retomada da sabedoria ancestral, sem prescindir da ciência moderna. A aplicação é bastante útil quando o objetivo é contar com vãos livres amplos. As lajes nervuradas devem ser previstas desde o projeto arquitetônico e geram maior produtividade de montagem do escoramento, por exemplo, quando se combinam com soluções pré-moldadas.
“Retira-se o concreto, que não tem função estrutural propriamente, deixando assim uma laje mais leve”, resume Pedro Penna, diretor executivo da Atex Brasil, considerada a líder de mercado em moldes para lajes nervuradas no País. A empresa tem como prática a realização, sem custo adicional, de estudo técnico dos projetos de clientes potenciais.
Em Santa Catarina, a Atex forneceu material para empreendimentos como a Cidade Pedra Branca, em Palhoça, e o Instituto de Tecnologia, que está sendo construído em Florianópolis, no bairro Canasvieiras. “Em 22 anos de atuação deixamos de cortar o equivalente a mais de um milhão de árvores com cinco metros de altura”, compara Pedro, enfatizando a vantagem do material sobre o aspecto da sustentabilidade. “Se somarmos todas as obras realizadas com laje nervurada no Brasil, já ultrapassamos a marca dos 25 milhões de metros quadrados”, acrescenta. No entanto, quanto ao nível de conhecimento da técnica entre os engenheiros, Pedro diz que “ainda existe muito o que divulgar”.
As fôrmas para construção são autoportantes. Isso significa que suportam o peso do concreto e do aço contidos nelas. A segurança deriva da alta qualidade dos materiais em resina plástica com os quais são fabricadas. “As fôrmas são encaixadas sobre as réguas que servem de guia como se fossem as peças de um lego. Então a montagem da laje é muito rápida”, compara Pedro, da Atex Brasil. A reutilização das fôrmas é outro componente positivo importante do sistema.
A Construtora Carlessi, sediada em Florianópolis, lança mão do uso de lajes nervuradas há seis anos – e foram usadas no empreendimento mais recente da empresa, o Residencial Ilha Bela. “Pode-se construir parede de alvenaria em qualquer local da laje, o que possibilita retirar a alvenaria sem que fiquem aparentes vigas no teto. A técnica é indicada para edificações que tenham necessidade de vãos maiores”, considera Maurício Soares, engenheiro da construtora.
Em seu próximo empreendimento, a construtora Brunetti, de Florianópolis, também pretende usar esse tipo de material. “No Perlage Vie Intelligente, localizado em Jurerê, queremos apresentar esse conceito para nossos clientes, por deixar um layout diferenciado e de rápida execução”, ressalta o engenheiro Diogo Jussemar. Para garantir segurança construtiva com inércia equivalente ou superior à oferecida pelas lajes maciças, inclusive quando o prédio exige uma nervura mais larga, o sistema conta com fôrmas que permitem nervuras de 5 centímetros até 16 centímetros. A definição da medida acontece durante o estudo técnico para adequação do projeto.
Racionalização
Em contraste com as lajes lisas ou maciças, as nervuradas representam um salto de economia e racionalidade da obra. Nas lajes maciças grande parte do concreto presente não tem função estrutural alguma, portanto somente aumenta o peso da estrutura. Com as lajes nervuradas, é justamente nesses pontos onde a economia acontece, ao dispensar o concreto desnecessário. Também se verifica uma redução de mais de 85% da madeira utilizada na obra. Outra informação que justifica a redução dos custos no tocante à mão de obra é que há necessidade apenas de alocação de montadores da estrutura da laje, descartando a exigência de trabalhadores em campo inteiro.
Em Florianópolis, a Atex exibe o Floripa Shopping como uma das obras em que participou da elaboração do projeto e que teve aplicação de laje nervurada. “Quando fomos definir um projeto, estudamos diversos tipos de técnicas e materiais que poderiam ser utilizados e o custo-benefício é um dos fatores mais importantes. Por isso, optamos pela laje nervurada. Ela oferece uma modulação de pilares melhor, e com isso ganhamos maiores vãos”, argumenta Mustafá M. Al Khatib, engenheiro e gerente operacional do Floripa Shopping. Diogo Jussemar, da Brunetti, concorda com Mustafá. “Se colocar na ponta do lápis, só vejo vantagem”.
Custo-benefício
Geralmente, as demandas partem dos empresários da construção civil, que buscam sempre a solução mais adequada com base nas características específicas para cada caso e na melhor relação custo-benefício. Em conjunto com o departamento técnico da construtora, a Atex Brasil, por exemplo, realiza a adequação do projeto para permitir a aplicação de laje nervurada construída com o uso das fôrmas correspondentes à exigência de cada parte da obra.
Sobre o uso do sistema em empreendimentos comerciais, como shoppings, Mustafá diz que ele permite uma melhor distribuição no layout das lojas. “Oferecendo, assim, uma estrutura benéfica e compatível com os propósitos do projeto”, enfatiza. No Floripa Shopping a solução permitiu que fosse construído um pé-direito duplo em um dos vãos principais, criando um amplo espaço. Os cálculos de resistência foram realizados com base nas necessidades de suporte de peso de cada área. Ressalvando essas diferenças, afirma que houve economia significativa na obra como um todo ao fazer uso do sistema de laje nervurada.
Mustafá destaca também a redução do tempo de construção das lajes. “O ciclo foi de 28 dias, do início ao término. Se tivéssemos usado o sistema convencional, esse tempo teria sido de 35 a 40 dias”. O executivo ainda acrescenta a vantagem da inclusão de placas de isopor entre as lajes, proporcionando, assim, uma melhor absorção térmica. “Quando se trata da construção de um shopping center, lidamos com cifras astronômicas que fogem à realidade comum. A economia representada pela escolha da laje nervurada justifica o uso desse sistema”, garante Mustafá.
Fonte: http://www.construcaosa.com.br/noticias/tecnologia-e-materiais/a-favor-da-eficiencia