Em nossa última viagem, conhecemos o incrível Museu da Arte Islâmica, em Doha. O projeto do renomado arquiteto I.M. Pei abusa de ângulos retos nos contornos externos do museu no Catar enquanto revela linhas circulares em suas lajes nervuradas.
Nesta edição da série, continuamos a explorar a obra de Pei em uma das maiores obras arquitetônicas do século XX: a pirâmide do Museu do Louvre, em Paris, na França.
A história do Louvre
Para entender a construção da pirâmide do Louvre e todo seu projeto de restauração recente, nada mais justo conhecer um pouco da história do museu.
O Palais du Louvre, ou Palácio do Louvre, foi construído em 1190, no reinado de Filipe II como uma fortaleza para proteger os franceses das invasões vikings. Nos séculos seguintes, o edifício passou por modificações para ser usado como palácio real.
Só no final do século XVIII, em 1791, durante a Revolução Francesa, o palácio foi definido pela Assembleia Revolucionária como repositório de monumentos de ciências e artes.
Segundo informações da própria assessoria, o Louvre teve 7,4 milhões de visitantes em 2016.
Conhecendo o projeto
A pirâmide do Louvre foi o grande chamariz da renovação do museu. O projeto foi proposto pelo ex-presidente François Mitterrand, em 1983.
As principais renovações aconteceram no Cour Carrée e Cour Napoleon, os pátios principais do Louvre. O objetivo era aliviar o congestionamento de transeuntes. A revitalização das áreas proporcionou uma diferente experiência na visita ao museu.
O grande destaque no Cour Carrée não poderia deixar de ser a pirâmide de vidro. Com 20,6 m de altura e base quadrada de 35 metros, ela é composta por 603 losangos e 70 triângulos de vidro.
A pirâmide do Louvre é cercada por outras três de menores dimensões. E elas não desempenham função somente estética.
O problema de fluxo de pessoas no museu gerou a necessidade do novo projeto. A pirâmide passou a ser a entrada principal do Louvre, levando os visitantes ao átrio no subsolo, onde foram criadas novas galerias, depósitos e laboratórios. As pirâmides auxiliares servem de entrada de luz natural para as seções subterrâneas.
As novas áreas permitiram ao Museu expandir seu acervo e a quantidade de obras em exibição.
A pirâmide se tornou controversa, principalmente pelo seu aspecto moderno que contrasta com a arquitetura renascentista do palácio. Contudo, os defensores da pirâmide argumentam que o projeto de Pei valoriza as mais distintas tradições culturais, reunindo passado e presente para a experiência de contemplação artística.
Mais tarde, o Louvre ainda ganharia mais uma pirâmide, tão polêmica quanto a primeira. Em 1993, foi inaugurada a La Pyramide Inversée, a pirâmide invertida que também “deságua” nas galerias subterrâneas do museu, marcando a segunda fase de projeto Grand Louvre.
Pirâmides – o elo entre passado e presente
A pirâmide idealizada por Pei foi um dos pontos marcantes na obra do arquiteto, que anteriormente utilizou uma abordagem brutalista nos museus que projetou. A nova entrada do Louvre criou uma nova fôrma de aproveitamento da luz natural durante o dia e se tornou uma atração à parte com a iluminação noturna.
Durante o dia, as laterais da pirâmide principal refletem o céu, enquanto a água nos arredores se torna uma piscina refletora. Isso cria uma sensação de leveza, mesmo diante de uma estrutura com referência tão robusta – diretamente inspirada pela grande pirâmide de Gizé.
O mérito do arquiteto chino-americano ao adaptar uma estrutura milenar em peças de vidro e cercá-las de grama e água modernizou a percepção comum de uma pirâmide, tratando-a não só como símbolo histórico, mas também elemento de alta arte e tecnologia.
E as lajes nervuradas?
O histórico de Pei evidencia um grande apreço em estruturas de concreto. Os museus desenvolvidos pelo arquiteto anteriores ao projeto Grand Louvre mostram a predileção por linhas robustas, com valorização da real estrutura presente.
Essa vertente arquitetônica é chamada de brutalismo, que busca não esconder elementos estruturais e valorizar as técnicas de engenharia e sistemas de produção usados.
As lajes nervuradas marcam presença no Museu do Louvre logo na entrada, nas áreas imediatas às escadas principais. A solução é tradicional para o tipo de aplicação, já que a técnica é comumente utilizada em ambientes no subsolo por reduzir o peso da estrutura, o que consequentemente permite vencer grandes vãos.
Assim, diminui-se o número de pilares, facilitando a circulação de pessoas. Em um ambiente de contemplação visual, diminuir o número de obstáculos visuais em cada pavimento é de extrema importância para a experiência do visitante.
Além do papel estrutural, as lajes nervuradas fazem parte do plano de iluminação do Louvre. As lâmpadas foram instaladas no interior de cada alvéolo criado pelas fôrmas, aliando função e estilo.
A obra de I.M. Pei está repleta de projetos incríveis, e vários deles usam da estrutura com laje nervurada. Você já teve a oportunidade de conhecer o Museu do Louvre? Percebeu as lajes nervuradas lá?
Conte para a gente o que achou e fique de olho no Blog da Atex para conhecer novas construções que contam com as lajes nervuradas. Até a próxima!