A poluição sonora é um problema cada dia mais sério para a saúde pública, o que tornou as soluções para isolamento acústico cada vez mais importantes nas edificações modernas. Esse não é o primeiro tema a respeito do bem-estar dos habitantes relacionados à estrutura das construções, como falamos recentemente sobre o isolamento térmico.
Em outubro desse ano, a Organização Mundial da Saúde divulgou um relatório focado na poluição sonora, com dados sobre diferentes níveis de exposição de sons e ruídos na Europa.
O relatório Carga de Doenças por Barulho Ambiental: Quantificação de Anos de Vida Saudáveis Perdidos na Europa (tradução livre de Burden of disease from environmental noise: Quantification of healthy life years lost in Europe) apresenta dados de poluição sonora provinda do transporte, construção e indústria, atividades comuns (ruídos de vizinhos, rádio, bares, etc) e de fontes sociais e de lazer (tocadores de música, fogos de artifício, shows, casas noturnas).
Algumas fontes sonoras têm a ver diretamente com a vida típica de centros urbanos, como barulho de trânsito e comércio, e hábitos modernos, como ouvir música por longas horas em fones de ouvido.
Essa exposição exagerada faz com que algumas medidas sejam de extrema importância, seja a aplicação de soluções de alto desempenho de isolamento acústico, a abstenção de ambientes barulhentos por longos períodos ou o uso de abafadores sonoros ou protetores auriculares.
O relatório da OMS trata da relação de alguns problemas sérios de saúde e sua relação com a poluição sonora em países europeus. Essas relações podem ser tranquilamente aplicadas à realidade brasileira.
Vamos conhecer um pouco mais dessas relações:
Doenças Cardiovasculares
Nos últimos anos, diversos estudos foram realizados ligando poluição sonora a efeitos na saúde. Muitos deles voltados às relações com doenças cardiovasculares. A exposição crônica a ruídos pode afetar a homeostase, já que o excesso de ruídos pode levar à desregulação, adaptação incompleta e custos fisiológicos de adaptação do organismo.
O barulho é considerado um estressor não específico que gera problemas de saúde no longo prazo, com estudos que sugerem um alto risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão, e infarto em pessoas expostas continuamente a altos níveis de ruídos de tráfego rodoviário.
Os dados recentes mostraram evidências de que o ruído aumenta o risco de doenças cardíacas, incluindo infarto, mas com menos evidências em relação ao ruídos de aeronaves. Contudo, há cada vez mais dados que apontam as relações do ruído dos dois tipos de tráfegos como fatores de risco para hipertensão.
Comprometimento cognitivo
Um dos estudos mais icônicos citados no relatório da OMS foi uma análise do efeito da mudança do aeroporto de Munique, em 1992, para o desenvolvimento cognitivo de crianças entre 8 e 10 anos.
Antes da realocação do aeroporto, a exagerada poluição sonora do local era vista como causadora de déficits na memória de longo prazo e na qualidade de leitura. Dois anos após o fechamento, estudos mostraram uma queda brusca nesses casos – o que mostrava que os efeitos podem ser reversíveis se a exposição é cessada.
Uma das descobertas mais convincentes foi perceber que o déficit na memória e leitura começaram a se desenvolver em crianças que se tornaram expostas ao barulho próximas ao novo aeroporto. Estudos do mesmo tipo na Holanda, Espanha e Reino Unido demonstraram resultados similares.
Nas montanhas de Tyrol (norte da Itália e oeste da Áustria), foi realizado um estudo de exposição a ruídos com crianças alunas da quarta série, comparando três medidas cognitivas, em níveis de barulho de 46 ou 62 decibéis, com resultados semelhantes ao estudo de Munique.
A melhoria cognitiva foi estimada em 0,5% (memória de prosa e reconhecimento) e 1% (recordação livre) por dB.
Distúrbio de sono
O som gerado em tráfego tem a maior parte da proporção de ruído a que as pessoas são expostas e também tem ligações com a qualidade do sono.
No estudo Diretrizes do Ruído Noturno para a Europa (tradução livre de Night Noise Guidelines for Europe), também realizado pela OMS, foi percebido que exposição a ruídos noturnos a partir de 30 dB começam a gerar problemas sintomáticos.
Várias pesquisas já mostraram problemas de sono gerados pela poluição sonora. Dividimos alguns deles pela condição temporal dos efeitos.
Efeitos imediatos: reação de excitação, mudança de estados de sono, despertar, movimentação do corpo, tempo total de vigília, respostas autônomas.
Efeitos posteriores: sonolência, desempenho nas atividades diárias, deterioração de funções cognitivas.
Efeitos no longo prazo: distúrbios crônicos autorrelatados do sono
No caso do sono, o isolamento acústico se mostra ainda mais vital nas construções, já que se trata de situações em que as pessoas estarão em suas residências e que há a possibilidade de controle da exposição.
O ruído ambiental pode reduzir o poder restaurador do sono por meio de ações repetidas, causando a fragmentação do sono. A restrição ou fragmentação severa do sono pode afetar o desempenho psicomotor, a consolidação da memória, criatividade, além de aumentar o risco de acidentes e estar relacionada a males como ansiedade e depressão.
Zumbido
O zumbido é outra condição que tem relações diretas com a exposição sonora exagerada. Até 90% dos pacientes com trauma de ruído crônico relatam o problema. Entre 12% e 50% das pessoas com perdas auditivas induzidas por ruído, também sofrem com o mal.
Não existe uma única via fisiopatológica para explicar a ocorrência do zumbido, com todo o sistema auditivo, do periférico ao córtex, potencialmente tendo relações ao quadro.
Problemas auditivos nem sempre são esperados com a exposição a ruídos de até 75 dB por 8 horas (carga ocupacional esperada). Assim, os ruídos de atividades sociais e lazer são os mais relevantes nos estudos em relação a zumbidos. Ainda assim, nas principais áreas urbanas o nível de ruído pode ultrapassar a marca de 85 dB, o que é considerado uma exposição de altíssimo nível.
Irritação
A OMS define saúde como “o estado completo de bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. Assim, reações negativas de humor relacionados ao som têm espaço importante no relatório da entidade.
Os estudos relacionados à irritação, provinda da exposição a ruídos, mostram uma grande variedade de reações a níveis similares de exposição, o que mostra a dificuldade de prever as reações com precisão. Contudo, essa exatidão nem sempre é o grande foco das pesquisas, mas sim a precisão na relação entre exposição e resposta.
A irritação derivada de ruídos conta com um espectro muito amplo de reações, incluindo raiva, insatisfação, abstinência, depressão, ansiedade, distração, agitação ou exaustão.
Existem muitos dados de campo obtidos diretamente da exposição humana para a irritação via ruídos. O mapeamento sonoro poderá disponibilizar mais informações para estimar e entender cada efeito, já que hoje a maior dificuldade é entender o peso da irritação e como pode levar aos diferentes quadros.
Atualmente, cerca de 620 mil Anos de Vida Sadia Perdidos (tradução livre da métrica DALY – Disability-Adjusted Life Year) são registrados todos os anos nas zonas urbanas europeias devido à irritação por ruídos.
Qualidade de vida
Citamos soluções que remediam os efeitos do som em algumas situações do dia, como o uso de fones com tecnologia que cancelamento de ruídos. Contudo, algumas situações diárias, como o trânsito nas grandes cidades, inviabiliza o uso de algumas delas. O ideal é se cercar de soluções tecnológicas que promovam o melhor isolamento acústico como busca de uma rotina mais saudável. Dentro de construções, seja residências ou escritórios, é ideal um ambiente que reduza os ruídos e permite que as atividades do dia sejam feitas das formas mais confortáveis.
Na tecnologia de edificações, as lajes nervuradas promovem um excelente isolamento acústico, que controla a propagação de sons e evita problemas como os discorridos nesse artigo. É um entusiasta da construção e pretende desenvolver projetos alinhados com promovam o bem-estar e a sustentabilidade de forma competitiva. Então fale com a Atex e solicite uma consultoria gratuita da nossa equipe!