Mais que um tipo de concreto, o green concrete é um conceito que pode servir para definir vários materiais, compostos ou processos relacionados ao concreto. Na maioria das aplicações o termo se refere a um concreto que tem um “compromisso” com a sustentabilidade e/ou meio ambiente, já em outras se relaciona apenas ao seu estado de cura.
Hoje vamos conhecer melhor alguns desses uso do termo. Confira:
Green concrete segundo o ACI
O ACI, sigla para American Concrete Institute (Instituto Americano de Concreto), define a expressão “green concrete” como referente ao estado de cura, ou seja, a mistura que se firmou, mas não está completamente endurecido.
Embora seja um estado comum a qualquer tipo de concreto, ele tem destaque e até uma nomenclatura própria por se tratar de um ponto crucial no processo de endurecimento, que permite um corte mais adequado com lâminas.
O green concrete não tem um consenso sobre seu ponto ideal, pois ele pode variar com a matéria prima envolvida e outros fatores externos, mas um critério observacional são as bordas do concreto: se ele está próximo do ponto ideal, as bordas não se fragmentam quando cortadas.
Concreto Verde de Dr.WG
A partir dos anos 1990, em que tivemos diversas discussões sobre sustentabilidade ao redor do mundo em grandes eventos como o Eco92 e o Rio+10, era natural que a preocupação também atingisse o modo de pensar as construções e seus materiais base.
Esse foi o caso da regulamentação para o desenvolvimento do green concrete na Dinamarca em 1998, pelo Dr. WG.
O objetivo é reduzir o impacto ambiental do concreto. Desse modo, é necessário desenvolver novas tecnologias e repensar matérias primas. Esse trabalho é feito considerando todos os estágios do ciclo de vida do concreto:
- Propriedades mecânicas (resistência, contração, fluência, comportamento estático etc.);
- Resistência ao fogo (fragmentação, transferência de calor etc.);
- Mão de obra (trabalhabilidade, desenvolvimento de força, cura etc.);
- Durabilidade (proteção contra corrosão, geada, novos mecanismos de deterioração etc.);
- Propriedades termodinâmicas (entrada para as outras propriedades);
- Aspectos ambientais (emissão de CO2, energia, reciclagem etc.).
Desafios para o concreto verde
Além dessas considerações, há uma série de requisitos ambientais que o concreto verde deve obedecer:
- As emissões de CO2 devem ser reduzidas em pelo menos 30%;
- Pelo menos 20% do concreto deve ser composto por produtos residuais usados como agregados;
- Uso de novos tipos de produtos residuais, previamente aterrados ou descartados de outras maneiras;
- Os combustíveis derivados de resíduos, neutros em CO2, devem substituir os combustíveis fósseis na produção de cimento em pelo menos 10%.
A produção convencional de cimento para concreto envolve o aquecimento de substâncias como calcário pulverizado, areia e argila a temperaturas de 1450C° com um combustível como carvão ou gás natural. O maior problema desse processo é que a cada uma tonelada métrica de cimento Portland, se libera de 650 a 920 kg de dióxido de carbono.
Para mais números sobre o uso do concreto no mundo, confira nosso infográfico.
Pode parecer pouco, mas em parâmetros mundiais, se pensarmos na análise feita há 10 anos pela Novacem, empresa da Imperial College de Londres, os 2,8 bilhões de toneladas de cimento produzidos no mundo em 2009 contribuíram com cerca de 5% de todas as emissões de dióxido de carbono.
Em 2010 a Novacem estava liderando a produção do Green concrete. O cientista-chefe da empresa, Nikolaos Vlasopoulos, encontrou em suas pesquisas um substituto para o cimento Portland – o material aglutinante do concreto – por um material de óxido de magnésio. A vantagem é que esse material captura o dióxido de carbono quando misturado à água e isso pode bloquear até 100 quilos do gás de efeito estufa por tonelada.
Sinal vermelho para o Concreto verde?
Embora seus ideais sejam nobres, a Novacem não conseguiu levantar fundos suficientes para consolidar o projeto como esperado. Após a propriedade intelectual ter sido vendida, acabou sendo liquidada junto com a empresa que a adquiriu.
Há uma empresa que ainda está ativa na produção de concreto ecológico, a Calera, da Califórnia, que busca uma forma de abandonar o uso de carbono no cimento Portland. Essa tecnologia chegou a ser utilizada em calçadas, porém o maior valor dessa tecnologia, para a Calera, seria para fazer placas de fibrocimento usadas no revestimento de azulejos de banheiro ou no revestimento externo.
Os estudos e o empenho da companhia californiana foram significativos graças a uma fórmula desenvolvida por eles que utiliza carboneto de cálcio (CaCO3) para criar estruturas com grande resistência. O bom desempenho é gerado porque o processo com a carboneto de cálcio imita a estrutura de fortes sistemas naturais como conchas e corais.
Formas mais sustentáveis de construir são cada vez mais necessárias visto a crescente demanda, portanto é muito importante acompanhar avanços de conceitos como green concrete. A busca por modelos produtivos sustentáveis e eficientes é cada vez mais latente.
É a forma da construção caminhar para um futuro mais verde, com menores níveis de dióxido de carbono na atmosfera.