O dia 08 de março é uma data para celebrar a luta por uma sociedade menos sexista. Por isso, é tão importante aproveitarmos esse momentos para realizarmos uma reflexão sobre o nosso setor. Nos últimos anos, a realidade das mulheres da construção civil tem mudado aos poucos no Brasil. Um exemplo é o aumento da participação feminina em ocupações que antes eram exclusivamente masculinas. Serviços como os de servente, mestre de obras e engenheiro agora são desenvolvidos por elas sem deixar nem um pouco a desejar.
Cresce o número de mulheres na construção civil
Segundo os últimos dados divulgados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério da Economia, de 2006 a 2019, o número de trabalhadoras formais no setor passou de 108 mil para 214 mil. Ou seja, as profissionais que operam em canteiros de obras cresceu 98% no Brasil.
É possível notar também uma mudança nos cargos de engenheiro. De acordo com os números mais recentes do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), no ano de 2019 existiam 199 mil mulheres ativas na profissão. Isso significa que atualmente elas já representam 19% do total de trabalhadores desse mercado.
Apesar de ser um número ainda baixo, a tendência é de que ele continue a aumentar. Afinal, o Censo da Educação Superior aponta para uma alta ininterrupta de estudantes do sexo feminino nas graduações de engenharia desde 2012. Na engenharia civil, por exemplo, a presença das mulheres saltou de 23,4% em 2012 para 30,2% no ano de 2019, quando o Ministério da Educação realizou o último Censo.
Mulheres conquistam novos postos de trabalho
A Atex é uma das empresas que têm absorvido mão de obra feminina para trabalhar na construção civil. Nos últimos meses, a empresa realizou a contratação de duas mulheres para atuarem como auxiliares de produção, uma função que até então era exercida apenas por homens dentro da companhia. E se engana quem acha que a adaptação demorou a ocorrer. Com pouco tempo de casa, as duas já conquistaram a admiração de seu supervisor.
Segundo Jonatas Tirado, gerente industrial da Atex, Reginalda Matos ingressou na empresa em novembro de 2021. Sua principal tarefa tem sido produzir e embalar espaçadores. Já Beutranda Santos, começou em fevereiro deste ano cortando e furando reforços metálicos para fôrmas, além de operar máquinas injetoras. Para ele, o que mais chama a atenção no trabalho desenvolvido por elas são “a dedicação, a alegria e o companheirismo”.
Karine Rodrigues, gerente de Recursos Humanos da Atex, conta que percebe uma mudança não só na área da construção civil. “A gente vê a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentando. Hoje, elas ocupam vários postos que eram inimagináveis para pessoas do sexo feminino. Cada vez mais nós nos superamos e mostramos que podemos estar em qualquer lugar”, afirma. Karine ainda diz que continua sendo um desafio promover igualdade e acesso, mas isso precisa ser um dever de toda organização. “Aqui na Atex estamos de portas abertas para as profissionais. Incentivamos o ingresso em todas as posições e buscamos promover um ambiente de respeito para todos”, ressalta.
O cenário é positivo, mas ainda existem obstáculos
Mesmo com todo esse cenário de mudanças, ainda existem muitos obstáculos a serem vencidos pelas mulheres, principalmente na construção civil. Alguns deles são:
• Falta de reconhecimento: Muitas vezes, as profissionais precisam provar o tempo inteiro que são capazes de completar uma tarefa. Sem falar que nem sempre são reconhecidas pelas suas conquistas;
• Assédio constante: Outro problema é o assédio enfrentado no dia a dia das mulheres que trabalham em canteiros. Muitas chegam a desistir da sua carreira, já que o desconforto causado por este problema se torna rotineiro;
• Diferença salarial: Ainda existem profissionais que recebem menos do que seus colegas homens para exercerem a mesma função. A diferença salarial contribui para o desânimo em continuar em um espaço que não a valoriza;
• Falta de incentivo: Por fim, a falta de apoio por parte de parentes e pessoas próximas costuma pôr fim a muitas carreiras brilhantes. Afinal, não é fácil ouvir todos os dias que aquela profissão “não é para você”.
Depois de tudo isso, dá para entender por que essa data é tão importante para as mulheres da construção civil, não é mesmo? Para ler mais sobre esse e outros temas, continue acompanhando o nosso blog.