A água é o recurso natural mais abundante no mundo, correspondendo à 70% de toda superfície do nosso planeta. Entretanto, apenas 3% desse total é doce e menos de 1% está disponível para consumo humano.
Diante da crescente demanda por esse insumo, do seu mau uso e das degradações ambientais, torna-se cada vez mais intensa a preocupação com a crise hídrica e o planejamento de sistemas de racionamento para amenizar esse cenário.
Conscientes disso e antes de atingir a escassez, medidas de incentivo ao uso racional de água estão sendo implementadas em diversos segmentos. Na indústria da construção, isso não é diferente.
De acordo com o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (2019), a agricultura e a pecuária juntas são as que mais consomem água no mundo. Elas são responsáveis por 69% do gasto global desse recurso anualmente. Já a construção civil consome cerca de 21% da água tratada no planeta, segundo o US Green Building Council.
Acredita-se que com certas estratégias é possível reduzir em até 50% o consumo de água potável nos empreendimentos, durante e após a sua construção.
Vale ressaltar que, além da contribuição para o meio ambiente e de garantir as certificações ambientais necessárias para a viabilidade da obra, um empreendimento sustentável também pode ser sinônimo de uma obra mais barata. Afinal, evitando desperdícios e reduzindo gastos de recursos, você terá menos despesas financeiras.
Agora que você tem mais motivos para projetar uma construção sustentável, confira algumas dicas para economizar água no seu empreendimento!
Economia desde o canteiro obras
No canteiro de obras, a água é o insumo mais utilizado. De acordo com os dados do comitê temático da água do CBCS, em média 50% da água potável fornecida para áreas urbanizadas é destinado para a construção civil, mas em algumas localidades, como em Vitória (ES), essa taxa pode chegar a 84%.
Para obter um desempenho ambiental mais elevado e ainda conseguir reduzir custos, as construtoras têm adotado práticas que visam o uso consciente de água em seus projetos. Como veremos a seguir, algumas dessas medidas já começam no canteiro de obras.
Coleta de água da chuva
Em canteiros sustentáveis, já é comum a instalação de sistemas capazes de captar e tratar a água pluvial. Porém, mesmo quando não existe uma estação de tratamento específica para isso, ainda é possível fazer a coleta da chuva. Essa água deve ser destinada para fins não potáveis, como diminuir a poeira ou limpar ferramentas, alojamento e veículos.
Poço artesiano
Apesar dessa ser uma opção econômica, a instalação do poço artesiano exige autorização prévia e seus impactos devem ser avaliados.
Fique atento também à qualidade dessa água não potável quando seu uso for para a cura do concreto, por exemplo, pois pode interferir no processo.
Soluções para controle/redução
Ao projetar o canteiro, as instalações podem ser planejadas de forma estratégica. As torneiras, por exemplo, podem contar com redutores de vazão e a água da pia pode ser destinada a descargas.
Também é possível pensar em meios para redirecionar a água eliminada pelo ar condicionado da área administrativa. Ela servirá para uso não potável, reduzindo em até 80% o consumo da água que seria destinada a essas tarefas.
Treinamento
As soluções apresentadas acima por si só já garantem a redução do consumo de água em um canteiro de obra. Entretanto, para ampliar esse resultado, o ideal é que todos os funcionários sejam conscientizados. Convoque uma reunião para informa-los sobre o gasto de água no canteiro e como eles podem contribuir para evitar desperdícios.
Hoje, o consumo médio de água de um operário varia entre 45 e 65 litros de água por dia.
Menos concreto. Mais economia.
Outra medida eficiente é a escolha de materiais que proporcionem essa economia direta ou a redução do uso de concreto.
Afinal, o concreto é o segundo insumo mais utilizado na construção e sua fabricação requer um uso exorbitante de água. Dados do Green Building Council mostram que são gastos em média de 160 a 200 litros de água para produção de um metro cúbico de concreto.
Na extensão das lajes, por exemplo, quando se opta por estruturas como as nervuradas é possível reduzir o uso de concreto em até 30%, diminuindo proporcionalmente o consumo de água.
Nestes últimos 28 anos de atuação, a Atex do Brasil locou/vendeu fôrmas para a produção de 45 milhões de m² de lajes nervuradas. Considerando que estas lajes têm 30% menos consumo de concreto do que as convencionais, pode-se deduzir que a Atex garantiu a economia 771.428.571 de litros de água (setecentos e setenta e um milhões de litros de água).
Edificações mais ecoeficientes com menor consumo d’água
A indústria construtiva é um dos setores que tem caminhando para edificar um futuro mais sustentável, aderindo soluções e recursos que diminuam os impactos ambientais. O uso consciente da água é um deles.
Já vimos aqui em nosso blog algumas tendências da arquitetura e da engenharia para construções sustentáveis. Agora, vamos aprofundar em um tema que, além de garantir uma obra sustentável, também vai proporcionar a economia de recursos e, assim, a gerar menos gastos.
Confira a seguir algumas ações e métodos para diminuir o consumo de água nos empreendimentos:
Uso de água pluvial
A implementação de um sistema de coleta de água da chuva pode gerar a redução do uso da água potável para fins que não sejam o de consumo.
Se você pretende fazer esse tipo de investimento, vale ficar atento às normas que regularizam tal sistema, como a NBR 15.527 dispõe do aproveitamento de água de fontes pluviais.
Água de reuso
Outra forma eficiente de diminuir o consumo hídrico nas edificações é reutilizando a água cinza, aquela proveniente de lavatórios, chuveiros e máquinas de lavar roupas.
Para isso, é preciso investir em um sistema de captação e tratamento. Após passar por esse processo, a água é direcionada para reservatórios e fica disponível para reuso em descargas, lavagem de pisos e até mesmo na irrigação de jardins, por exemplo.
Sistema dual flux
Utilizando um sistema dual flux nos vasos sanitários dos empreendimentos é possível reduzir até 60% do consumo de água em relação aos sistemas tradicionais. Tal mecanismo possibilita a escolha do fluxo de água necessário para a descarga. Para líquidos, ele gasta aproximadamente 3 litros e, para sólidos, o consumo chega à 6 litros.
Torneiras “inteligentes”
Arejadores, redutores de vazão, temporizadores, sensores de uso e sistemas de pressão. Esses são alguns métodos eficientes para regular o uso das torneiras nos empreendimentos e podem proporcionar de 20 à 40% em economia de água.
Tecnologia para Chuveiros/duchas
Um banho de 15 minutos gasta em média 135 litros de água. Por isso, a instalação de temporizadores é uma opção tão eficiente para garantir a economia de água, chegando a até 70% de redução.
Mas se preferir evitar uma contagem regressiva na hora do banho, uma boa alternativa é instalar redutores de vazão ou detectores de presença. Entretanto, o percentual de economia desses dois últimos mecanismos é de apenas 15%, bem menor se comparado ao primeiro dispositivo.
Medidores individuais
Outra medida eficiente e, em breve obrigatória, é a instalação de hidrômetros individuais. Com isso, os condôminos terão noção sobre o seu gasto, o que pode facilitar a conscientização e diminuição do consumo de água. Além disso, com a instalação de medidores individuais torna mais fácil a identificação de possíveis vazamentos.
Aposte na biodiversidade
Para os jardins, dê preferência a vegetação nativa do local do empreendimento. Ela já está pronta para sobreviver nas condições climáticas do ambiente e não dependerá de um sistema de irrigação.
Conscientização dos usuários
Não basta adotar sistemas eficientes, é preciso adotar ações de conscientização dos futuros usuários desses sistemas.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), são necessários apenas 110 litros de água por dia para suprir as necessidades individuais básicas de consumo e higiene. Hoje, os brasileiros gastam cerca de 154 litros/dia.
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