A nossa volta ao mundo em busca de grandes obras da laje nervurada volta ao continente americano e chega a Montreal, uma das principais cidades do Canadá. Quebec, a província na qual a cidade se encontra, foi colonizada pelos franceses, o que teve influência na língua – população 79% francófona – na religião e também na arquitetura.
Assim, voltamos nossos olhos para o Museu de Belas Artes de Montreal – chamado em inglês de Montreal Museum of Fine Arts ou ainda de Musée des beaux-arts de Montréal, em francês.
O MMFA (na sigla em inglês) é o maior museu da cidade e um dos mais importantes do país. Criado em 1860, a atual sede, a qual conheceremos melhor agora, foi construída em 1912 no bairro Golden Square Mile, um ponto histórico de Montreal.
Conhecendo o projeto
Apesar da criação na segunda metade do século XIX, o Museu de Belas Artes de Montreal só chegou ao seu endereço atual, na Sherbrooke Street, em 1912.
A sede inicial estava lotada com o acervo do museu. A nova sede foi instalada em propriedade do então senador Robert Mackay, que foi convencido a vender o terreno. Foi montado um comitê de investidores que colocaram dinheiro para criar o novo museu.
Foi instaurado um comité para selecionar o arquiteto responsável pelo projeto. A proposta selecionada foi a dos irmãos Edward e William Maxwell. As influências francesas se mantiveram presentes na obra: com o estilo modernista que marcou o início do século XX, o Museu exibe linhas sóbrias e imponentes.
A estrutura total atualmente conta com cinco pavilhões. A primeira é chamada Michal and Renata Hornstein Pavilion e conta com 5.546 m² de área.
Contudo, foi a segunda área criada, e é a que nos traz maior interesse. O Liliane and David M. Stewart Pavilion, com seus 9.610 m², foi construído em 1976 e abriga principalmente peças de arte decorativa e design. A coleção conta com mais de 900 peças que inclui mobiliário, peças de prata, tecido e cerâmica e elementos de design industrial.
E as lajes nervuradas?
Por se tratar de uma estrutura de extensão do prédio principal do Museu de Belas Artes de Montreal, vale falar um pouco do sobre a história do Liliane and David M. Stewart Pavilion.
A estrutura, criada em 1976 atrás do prédio principal, contou com projeto do arquiteto Fred Lebensold. Apesar da fachada também abusar da textura do concreto puro, ela se contrasta a do prédio principal por preferir linhas mais cruas comparadas aos traços neoclássicos.
Do lado de fora, os blocos de concreto são expostos em faixas horizontais, sem maiores elementos decorativos. O aspecto brutalista, em voga nos anos 70, é aliviado pelas grandes janelas e, mais recentemente, pela presença das vinhas verdes que escalam as paredes durante o verão.
É por dentro do pavilhão que enfim nos deparamos com as lajes nervuradas. O apreço pela estrutura base de corrente funcionalista, evidente no exterior e interior, é presente em toda obra de Lebensold.
Explorando as galerias do Museu, podemos ver as lajes nervuradas como elementos que, junto às peças em exposição, criam um ambiente completamente contemplativo. Além da função estrutural que permite uma estrutura mais leve com vencimento de grandes vãos, o apelo visual é decisivo na escolha do método.
Nas imagens da galeria, percebemos como os alvéolos formados pela laje participam do jogo de iluminação, ajudando a criar ambientes mais claros e modernos, e outros mais aconchegantes e confortáveis.
Como o pavilhão é focado em design, o formato deixado pelas cubetas faz com que as lajes participem da experiência, criando uma sensação de apreciação em camadas.
O Museu de Belas Artes de Montreal é mais uma das grandes obras da arquitetura internacional que utilizam a estrutura de laje nervurada. Seja para conquistas técnicas –economia de materiais e vãos maiores – ou para fins estéticos, elas são presentes em projetos de grande renome.
Acompanhe a série Laje Nervurada pelo Mundo e conheça todo mês mais uma maravilha da arquitetura contemporânea aqui no Blog da Atex!